TRIBUNA LIVRE

EUNICE TOMÉ. Jornalista, escritora e diretora do Lixo Zero Baixada Santista

Santos Mais Verde

Fico pensando como terá sido o deslumbramento, quando aqui chegaram, dos portugueses com suas caravelas. Por certo foram as belezas naturais do oceano, suas praias, emolduradas pelos morros e o contraste digno de uma palheta de pintor, entre o azul do mar e o verde das montanhas.

Os que habitavam, os povos primitivos, como agora chamam os indígenas, só contribuíam para a preservação da mãe natureza, apenas usando o que era preciso para as suas sobrevivências. E cuidavam dos animais, dos rios, das florestas, em total harmonia com o meio ambiente.

Mas o tempo passou, várias mudanças aconteceram e o que foi considerado como desenvolvimento e crescimento econômico conflitava com as belezas naturais antes existentes. Falando especificamente da cidade de Santos, dentro desse processo, hoje temos um município verticalizado, Mas um movimento está surgindo, visando não a derrubada do que já está de pé, mas uma força de equilibrar e acomodar o desenvolvimento com programas que irão beneficiar todos os moradores de várias bairros, desde a parte insular até a Área Continental.

Para quem não conhece toda a cidade, mas somente as zonas turísticas, pode achar que nossos jardins como cartão de visitas representam todas as áreas. Mas não é bem assim. Quando se anda mais para dentro, nos bairros afastados, tirando os morros, as áreas verdes estão perdendo espaço.

Quantas praças poderiam ser implantadas, quantas hortas comunitárias, quantos condomínios poderiam abraçar uma campanha de plantio e ganhar um selo verde, quantos espaços disponíveis ainda poderiam ser brindados com árvores frutíferas e florais? Os pássaros iriam encher com seus cantos e polinização, o ar ficaria mais puro, as crianças poderiam brincar e correr nas alamedas desses espaços.

Seria sonho? Não. O movimento Santos Mais Verde, que teve seus primeiros “insights” na Concidadania e com o apoio de vários coletivos atuantes da cidade – entidades representativas da sociedade civil -, mesmo que não específicos, como ambientalistas, mas comprometidos com a educação, com a cultura, com o bem viver, estão empenhados em fazer uma corrente de trabalho para concretizar esse ideal.

Já somos alguns, mas precisamos de muitos mais, inclusive, e principalmente, do Poder Público nessa tarefa de vislumbrar um lugar onde se possa dizer – minha cidade respira e pode oferecer mais qualidade de vida a todos, mesmo para quem mora nos edifícios mais concretos.

O Movimento agora pretende fazer um resgate dos valores e das convivências nas praças, saindo da privatização das relações sociais em ambientes fechados, como em grandes e médios centros das regiões metropolitanas. A pretensão é mesmo essa – uma forma de coordenar e aglutinar vários segmentos – moradia, educação, saúde, cultura, meio ambiente, e outras necessidades socioeconômicas básicas.

O lançamento do Santos Mais Verde está previsto para uma data emblemática, o Dia da Árvore, em 21 de setembro, às 15 horas, na praça em frente à Estação da Cidadania, com intensa programação de atividades culturais, musicais e educativas, chamando todas as pessoas de bem para uma grande roda de adesões. Vamos fazer uma corrente verde na cidade e abraçar com braços que serão as raízes de uma transformação. E só o começo. Depois virão as propostas de implantação, com o levantamento das necessidades e de áreas a serem aproveitadas. Quem sabe vamos conseguir a proeza de redescobrir Santos.

Aqueles que puderem se engajar ao movimento, o site pode ser acessado pelo santosmaisverde.org, onde constam mais informações sobre o programa.